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A mostrar mensagens de 2009

O Juiz Decide

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Seis meses depois da data que determinou o início oficial das emissões de televisão digital terrestre (TDT), nada está feito. A PT afirma ter aberto, aqui e alí, a “torneira” do sinal digital, mas nem uma pinga de conteúdos TDT corre nas casas dos consumidores. Portugal, sempre tão animado pelos choques de inovação tecnológica senta-se, nesta matéria, na fila de trás do comboio europeu, arriscando-se a falhar o calendário comunitário. A entidade reguladora é directamente culpada dos maus préstimos no “tratamento” do concurso público, e os comissários que nela prestam serviço deveriam, em tempo, ser chamados aos tribunais para responder pelos danos que as “suas” decisões políticas provocaram aos espectadores, aos investidores do sector audiovisual (*), aos técnicos, aos criativos e autores que vêm na Telecinco a esperança de ressurgimento do mercado adormecido e viciado (em jeito de cartel) pelos actuais players. À falta de melhor interlocutor foi o tribunal que agora veio dar razão à T

Um som olímpico

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Em 1987, quando regressei da Holanda, do projecto pan-europeu “Europa TV”, fundei a SINCRO, uma empresa produtora de audiovisuais que fez vida por aí na produção de conteúdos até definhar e morrer no final dos anos 90 derrubada pela torrente de outras mortes que me agitaram a vida. A SINCRO deu o primeiro emprego a alguns jovens que hoje são profissionais maduros e vão sobrevivendo às agruras do mercado. Alguns foram-me “roubados” bem cedo, pela emergência da “televisão privada” – a SIC, em 1992. Foram danos infligidos à SINCRO, que eu, “patrão cúmplice”, encarei com a maior pacividade porque tinha o coração dividido entre as duas casas. Um deles, o Nuno Duarte, apareceu-me na SINCRO recomendado por alguém... já não me lembro quem, e integrei-o na equipa como assistente de áudio. Lembro-me do Nuno, baixinho, calado, atento, perspicaz e cumpridor das tarefas operacionais que lhe eram atribuídas. Depois, na SIC, encontrávamo-nos por vezes em produções conjuntas – eu como realizador e o N

O alarme

Parto na auto-estrada

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Chicago, 13 de Outubro de 2009. Quase três da manhã. Tracy conduzia na Chicago Eisenhower Expressway visivelmente nervoso, enquanto Judy, sua mulher, se torcia de forma quase animalesca no banco ao lado, arfando e bradando palavras sem sentido. - Queres que pare já aqui? gritou Tracy. - Não sei! sussurrou Judy visivelmente assolada pelas dores de parto e em total negação com as circunstâncias em que o corpo se rebelava. Tracy tentou manter a serenidade e decidiu, sozinho, que não havia outra solução. Não conseguiria chegar a tempo com a mulher ao hospital. Seria mais prudente parar na berma, chamar a emergência médica e assumir que o seu quarto filho iria nascer ali mesmo, à beira da estrada. Que há de fascinante na aventura narrada nesta história? Nada. Bebés nascidos a caminho do hospital dariam para encher bairros de infantários. Ainda assim não chegariam a ser notícia. Mas a história poderá ganhar consistência se eu disser que a parturiente Judy, Judy Hsu, é pivô na ABC7 de Chicag

Michael Jackson

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As redes sociais Twitter e Facebook foram as primeiras - as mais rápidas - fontes de divulgação da morte de Michael Jackson. 25 de Junho, quase meia-noite, hora de Portugal - a CNN ainda anuncia o estado de coma de Michael Jackson, hesitando na confirmação da morte do artista, já na Wikipédia tinha sido actualizada a página biográfica do "rei da pop" com os dados da sua morte. Ficam os factos para reflexão.

Vitela ali na mesa

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Alguns professores (ou alguém em nome da classe) decidiram "realizar" e difundir um pequeno vídeo, um clip, que se propõe "trazer para a primeira página a questão das reformas destruidoras promovidas pelo Ministério da Educação" . Tudo estaria bem, nada justificaria este comentário, não fosse o vídeo em questão ser uma vergonhosa cópia, um descarado plágio, do pequeno filme Mankind is no Island feito com telemóvel, que ganhou o prémio de melhor curta metragem do mundo e que rapidamente obteve consagração e divulgação internacional. O mail que embrulha o convite viral ao visionamento do vídeo dos "professores" refere ingenuamente: "já esteve no YouTube mas (estranhamente) foi bloqueado "... ora, porque terá sido, senhores realizadores/professores? Há uma enorme diferença entre Mankind is no Island e o plágio Professores Unidos - o primeiro é genial, o segundo é medíocre. Pela qualidade formal e pelas causas que agitam, comparar ou querer equiva

Eleições I - A noite em que os partidos voltaram a não perceber nada do que se está a passar

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É sempre bonito ver todos os partidos contentes, satisfeitos com o resultado eleitoral. Ontem, foi a noite em que toda a gente venceu, como explicou Ricardo Araújo Pereira, na SIC. O PSD venceu porque ganhou ao PS. O PS venceu porque sobreviveu às dificuldades. O Bloco de Esquerda venceu porque ultrapassou o PCP. A CDU venceu porque o PC vence sempre. O CDS venceu porque ganhou às sondagens. Contabilize-se também a vitória de 6 milhões de portugueses (200 milhões de europeus) que votaram... as urnas ao abandono. E sairam naturalmente vencedoras as mentes hipócritas que acham que não votar é sinal de ignorância, de irresponsabilidade e apropriado a quem não tem preocupações sociais. Venceram, porque são invencíveis na presunção e no convencimento. Nenhum argumento conseguirá demovê-los. Cabeças destas são o maior estímulo ao incremento da abstenção. Haverá diferentes razões para a abstenção. Uma delas traduz um veemente voto de protesto. Protesto contra a actuação de políticos e partido

Western Pita Shoarma

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Março de 2006, Mahmoudiya, arredores de Bagdad. Steven Green , um cabo para-quedista norte-americano destacado num pequeno aquartelamento cuja missão era vigiar um cruzamento de duas estradas nacionais, resolveu quebrar a rotina das enfadonhas noites de calor e bebedeira com whisky iraquiano e animar o serão dos camaradas de combate com dose reforçada de adrenalina. Planeou uma noite memorável, uma festa que só o sangue árabe lhe poderia proporcionar. Green e quatro soldados amigos equiparam-se com roupa interior preta – ninja suits , como lhe chamam em combate – e bem bebidos, com os vapores do whisky marado a bater, escaparam-se à surrapa do aquartelamento, dirigindo-se a uma casa nas proximidades, uma moradia rural isolada, a escassa centena de metros do aquartelamento militar. Já sabiam quem iam encontrar. Arrombaram a porta, entraram em casa e isolaram a filha mais velha da família, a jovem Abeer Qasim Hamza, de 14 anos . Steven, sempre o mais ousado do grupo, arrastou o pai, a mã

Sem comentários - IV

Que descanse em paz

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A notícia da morte de Bénard da Costa chegou-me via twitter. A informação relevante ou de última hora chega-me habitualmente online. Prefiro o acesso online à comunicação porque é mais eficaz – mais rápido, mais completo, mais simples. E pode ser gerido por mim. Gradualmente, sem me aperceber, vou alterando os hábitos de consumo, e os culturais. Por isso compro menos jornais e raramente vejo televisão. A notícia da morte de Bénard da Costa chocou-me, deixou-me triste. Era um chato, às vezes, mas eu gostava dele, respeitava-o intelectualmente. Eu sei que não é o elogio fúnebre apropriado mas tenho que o dizer: eu via o Bénard como o óleo de fígado de bacalhau, muito bom, enriquecedor, mas um pouquinho intragável. Aprendi muito com ele, desde cedo... lembro-me do Tempo e o Modo. O que eu não imaginava é que também haveria de aprender com ele no acto da sua retirada de cena. Quando, pelo twitter, tomei conhecimento do falecimento, tive também a consciência de que já pouco me serviam os ca

Twiteiros...

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Nesta febre viral das redes sociais tem-me acontecido criar amizades (seguir e ser seguido) por gente que nunca teria pensado juntar no meu círculo de amigos. Bush, Obama, Sócrates, Bin Laden, a Senhora de Fátima, Oprah, Sara Palin, Richard Branson, Mário Soares e Paris Hilton, são alguns dos meus compinchas twiteiros com quem me sinto “tu cá, tu lá” nesta coisa de mandar recados e do ké ke tás a fazer ? A característica epidémica da rede ajuda a que se aceda facilmente a novas amizades, que são os amigos dos nossos amigos e assim sucessivamente. Foi nesta circunstância que encontrei o martimavillez , nick para Martim Avillez, com fotografia condizente e bio que anunciava: journalist last 16 years, now publisher to Lena Comunicação – era ele, sem dúvida. Cliquei entusiasmado. Não porque o quisesse provocar ou confrontar com as minhas opiniões teimosas sobre a qualidade, o alinhamento politico e o futuro do jornal que dir-i-ge, mas apenas porque o queria seguir – leia-se: o queria ouvi

Para reflectir

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A frase é retirada de um mail mais longo que recebi, hoje, de um amigo. Quem a escreve é um professor que lecciona ciber-jornalismo numa universidade pública portuguesa: " ...tenho conversado com os jovens e costumo perguntar-lhes se vêem televisão. A resposta é sempre negativa ou então algo do tipo "ligo quando vou dormir". Um deles disse-me que "se a TV fosse na Internet seria mais fácil ver ". Fica aqui para reflexão.

Sem Comentários - III - b

Sem Comentários - III - a

Sem Comentários - II

Sem Comentários - I

Preocupo-me com o futuro porque é o sítio onde irei viver!

Não tenho a certeza mas penso que é de Woody Allen a frase (título do post ) que motiva o visionamento do documentário que aqui proponho. Acompanhe-se com um cosmopolitan, o cocktail mais adequado a uma hora de visionamento sem legendas.

Hollywood aqui tão perto!

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Estúdios da SP Televisão , produtora de conteúdos – ficção, séries, novelas e o que mais houver, ou lhes venha a ser encomendado. Zona suburbana de S. Marcos, Sintra, a poucos metros de uma via rápida, em linha recta, mas a quilómetros dela pelo acesso da velha estrada. Almoço no restaurante da produtora a convite de amigos que gerem a empresa. O pretexto da visita é profissional. Equipamentos, tecnologia, sistemas. Mas, circulando pelos estúdios, o olhar escapa-se-me sempre pela observação das peças, dos objectos mundanos, que evocam apetitosos ambientes cénicos. Tudo o que a nossa memória consiga espremer de anos de ficção televisiva se vem encontrar nestes locais. Num estúdio vivo, viaja-se sempre entre cenografias. Algumas em utilização e rodagem; outras arrumadas, em desuso; outras em construção, para servirem histórias cuja identidade ainda não é conhecida. São salões, quartos, jardins interiores, cabinas de avião, leitos de cama para romance e sexo... que nos remetem para marcas

...e não digam que não foram avisados!

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# v ideo kills the radio star # A corrida está renhida, mas a próspera e culta cidade de São Francisco, na Califórnia, (quatro milhões de habitantes - malha urbana), encontra-se bem posicionada para conseguir tornar-se " a primeira grande cidade americana sem um único jornal diário " - um estatuto sempre prestigiante num país que aprecia feitos absolutos. O San Francisco Chronicle , quase 150 anos de vida, agoniza pelas bancas da cidade, já (visivelmente) entregue a cuidados paliativos. E quando o jornal fechar, será que os leitores da cidade se irão entregar ao luto e à lamúria do defunto? - Nem pensar! Dizem mesmo que " o ppl com menos de trinta anos nem vai dar por isso! " Que comentário desapropriado!... Certamente proferido numa daquelas disparatadas reportagens de vox populi ? - Absolutely no way! Quem o disse, exactamente nestes termos, foi mesmo Gavin Newsom, o Mayor da cidade da Golden Gate , numa entrevista ao The Economist. A migração de públicos par

A Evidência

Helen Milner Digital Inclusion The Evidence April 2009 National Digital Inclusion Conference London View more presentations from Helen Milner .

What's that?

What is that? (Τι είναι αυτό;) 2007 from MovieTeller on Vimeo .

i - um jornal porreiro, pá!

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Bastaram três dias para ver o filme. O filme, neste caso, é um jornal, o i . Três dias, três edições, muitas páginas, uma revista. Notícias, zero; cachas, zero; interesse, gozo e sumo informativo, muito reduzidos. A revista (que me perdoe o Pedro Rolo Duarte) é uma brincadeira sem interesse. Tudo mau. Só me merece um comentário: nenhuma árvore merecia morrer por causa tão pouco nobre. Mas será mesmo um jornal desprovido de novidade? Bem, tem uma... e nem sequer é a paginação o grafismo ou o online: é um novo estilo, new age , de fazer jornalismo (chamemos-lhe assim, por benevolência). A manchete do segundo dia de vida diz tudo - Governo Obriga Caixa a Salvar outro Banco ”. O percurso do i é previsível: dou-lhe um ano de vida. Com legislativas e autárquicas agendadas para o Outono, a vida do i vai ser mais ou menos assim. Em Janeiro de 2010 estará a reestruturar o conceito editorial, o visual e a equipa redactorial. Em Setembro do ano que vem, fecha portas. Será prematuro e injusto f

Contar histórias - Bora lá - I

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Há dias cruzei-me no ciber-espaço com um amigo, um ex-colega, que não reconheci. No momento não lhe vi a cara e não tivesse ele acenado uma salvação este texto nunca existiria. Não que o ciber-espaço seja uma viela sombria mas apenas porque o amigo me apareceu sob a forma de texto, sem assinatura visível, e eu, desabituado a passar por aquelas esquinas literárias, não percebi quem era. O ciber-espaço tem destas coisas. Feitos os cumprimentos lá celebrámos o ciber-encontro, resumido neste diálogo imaginário. - Bons tempos... e tantas histórias para contar. Fulano e sicrano, que saudades! - É verdade, quantas histórias! - Então “bora lá” contar essas histórias – Desafiou-me o Paulo O Paulo, assim se chama o amigo e colega, anda por aí. Dá aulas, não sei bem o que faz desde que saiu da SIC. Nunca fomos muito chegados no trabalho, mas sempre apreciei a forma exuberante como ele expressava um humor caustico e pulsante. Nunca lho terei dito ou demonstrado, mas gostava dele. A melhor memória

Bairrão & Balsemão Lda

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29 de Abril de 2009, dia 1 da televisão digital em Portugal – comprei pipocas. Sentei-me em frente ao plasma, sala na penumbra, na expectativa de que uma emoção digital me fizesse sentir a novidade tecnológica. Fiz zaping, refiz sintonias, varri frequências, explorei menus, sempre na esperança de que a minha relação com o digital fosse além das dedadas melosas no painel do plasma e do besuntado de açucar das pipocas no comando do televisor... mas nada. Nem canais, nem emissões, nem dolbys e widescreens, nem sequer sinais teste. Esgotada a coca (cola), as pipocas e a paciência, a única sensação digital do dia chegou-me às 19:25, com a leitura online do Diário Económico “ Ao Diário Económico, Bernardo Bairrão, administrador delegado da Media Capital, e Francisco Maria Balsemão, vice-presidente da Impresa, defenderam que o Governo deveria optar por dar aos actuais canais generalistas (RTP1, SIC e TVI) a possibilidade de lançarem cada um canal em alta definição. Estes seriam emitidos no es

Venham os gentornalistas que Abril não está fácil

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Última semana de Abril, primeiros dias de Maio, jornada habitualmente marcada por outro tipo de agenda – a evocação das datas que celebram o ADN da nossa democracia. Abril não esperava que estes dias viessem a ser marcados por um conjunto de acontecimentos relevantes na área da comunicação social, mas foi isso que aconteceu... para o bem ou para o mal. Vejamos: A TDT 29 de Abril de 2009. Início formal, mas desastroso, da televisão digital terrestre em Portugal. Um serviço tecnológico novo que começa vazio, sem conteúdos. As três televisões, a PT, o governo, a ANACOM, a ERC, vão enganar o país. Vão mentir-nos dizendo que tudo está a funcionar como previsto. O país, sem informação crítica e perante um tema demasiado técnico, vai acreditar. A TDT começa mal. Vejamos algumas verdades que nos serão omitidas: 1 - O calendário português de implementação da televisão digital põe o país na cauda da Europa. Fazemos mal e tarde. Estamos no grupo da retaguarda, com a Letónia, Chipre e a Roménia,

O Ground Zero da televisão digital

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Maio de 2009 marca o início da televisão digital terrestre (TDT) em Portugal. O início da disponibilidade tecnológica, mas não o início das emissões regulares. O governo determinou (e a PT assume cumprir) que no final de 2010 a cobertura da TDT no território nacional será de 100%. Dentro de ano e meio, sensivelmente, todo o país estará pronto a deitar fora mais de 50 anos de “velha” televisão. O que vai mudar de imediato na televisão em Portugal? O impacto da televisão digital nos lares portugueses nos próximos meses será mínimo, quase inexistente. Quem aderir à TDT recebendo o sinal de televisão por antena irá observar pequenas diferenças – mais definição na imagem e menos fantasmas, sobretudo se viver numa zona de má cobertura, apenas isso. Quem já recebe televisão por cabo não irá notar diferença nenhuma, literalmente. Não estaremos longe da verdade se dissermos que, para já, a TDT não representa mais que uma nova forma de a velha televisão nos chegar a casa. Haverá duas ou três f

O viral

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Susan Boyle é uma escocesa de 47 anos, desempregada, solteira, provinciana, feia, com sobrancelhas que nunca foram arranjadas, que confessou em palco nunca ter sido beijada por amor. Haverá pior forma de começar? Viral é o nome dado aos conteúdos (pequenos vídeos) disseminados de forma epidémica pelas novíssimas plataformas de comunicação: o mail , os blogs , os microblogs , os vlogs , os instant messengers , os telemóveis e outros. A divulgação é exponencial, em pirâmide, e faz de cada um de nós, simultâneamente, receptor (porque recebemos de alguém), emissor (porque enviamos para muita gente) e editor de conteúdos (porque seleccionamos o que enviamos e para quem enviamos, criando micro-comunidades na nossa lista de contactos). Há exactamente uma semana, no sábado passado, Susan Boyle enfrentou o júri e o auditório do Britain’s Got Talent (um equivalente britânico dos nossos Operação Triunfo ou Ídolos ) num daqueles castings demolidores de minuto e meio para “glória ou morte súbit

O que pequeno nasce, grande pode tornar-se

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Nos anos 90, John Polson, um actor/realizador trintão e meio encalhado nos negócios da produção cinematográfica resolveu juntar uns amigos e organizar um festival de cinema de curtas metragens. A “coisa” podia passar-se ali mesmo, no Tropicana Caffe, nos subúrbios de Sydney, na Austrália, onde se juntavam quase todos os dias para “tomar a bica”. O TropFest nasceu e a aventura correu bem. Muito bem, mesmo, ao ponto de, com os anos, ser acarinhado pelo público como um dos principais eventos culturais e artísticos da Austrália. Polson soube dinamizar o festival introduzindo novas categorias, mas mantendo sempre o foco no formato “curtas”. Mais três anos e o Tropfest, que do café Tropicana já só tinha a metade frontal do nome, subia por mérito, à classificação guiness de “o maior festival de curtas metragens do mundo”. Encheu de orgulho o país, mas Polson tratou de criar um desdobramento com uma versão complementar do certame a decorrer em Nova Iorque. O Tropfest vive agora, orgulhosament

A Ferramenta

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Todos os dias é utilizado por milhões de pessoas para alterar a realidade – transformá-la naquilo que os olhos querem ver. Para muita gente é um instrumento permanente de trabalho por isso lhe chamam ferramenta. Retocar, recriar, inventar, mudar, alterar, retirar, aumentar, renovar... é interminável a lista de verbos regulares que se podem ajustar aos pequenos gestos que fazem a rotina do utilizador de Photoshop . Nas mãos do fotógrafo, sonhador, refazem-se sombras, removem-se acnes e rugas e muitas jovens modelo, candidatas à perfeição, vêem a celulite sumir-se das suas fotos de portfolio . Nas mãos do gráfico, cismático, compõem-se colagens e fotomontagens, construindo narrativas que, apenas com palavras, não se poderiam contar. Nas mãos do publicista, finório, desenham-se bolhas de condensação, tentadoras, que nascem do seco das embalagens haurindo-nos a sede e o desejo. Nas mãos do director de campanha, demagogo, apagam-se detalhes indesejados do fácies cansado do político, retiram