Faltam seis meses, pouco mais, para que uma pequena equipa médica, em representação desse enorme lastro parental a que chamamos “toda a Humanidade”, proceda ao primeiro transplante de cabeça... que, de facto, consiste exactamente no inverso: uma cabeça vai receber, por transplante, um corpo inteiro. Um russo, de apelido Spiridonov, que sofre de atrofia muscular espinhal que lhe torna o corpo inútil, irá receber, em Dezembro, o corpo inteirinho de um qualquer dador, alguém funcionalmente saudável mas em morte cerebral. O neurocirurgião italiano que anda há 30 anos a preparar a aventura, vai cortar a cabeça ao russo, arrefecê-la, colar cabeça boa ao corpo bom (vai demorar dia e meio e envolver 150 pessoas), deitar fora o outro par que não presta (cabeça e corpo estragados), e manter o novo indivíduo "recapitado" em coma induzido durante mais de um mês até a coisa estabilizar, para depois, se tudo correr bem, o senhor Spiridonov "ir" pela primeira vez à sua vid...